domingo, 26 de abril de 2009

h o p e

Quando chove me sinto mais leve
Quando chove somos todos iguais
Debaixo do mesmo teto observando a chuva cair, estamos todos sob seu efeito, mudando nossos rumos e ás vezes somente esperando a chuva passar e então não podemos fazer mais nada, senão esperar.

É como se por aquele momento nossa vida saísse do nosso controle, é a manifestação de que uma coisa maior nos une e decide como vai ser dali em diante
Hoje em dia, é duro constatar que a chuva causa medo, é motivo até de desgraça e o pior é que não são poucas nem brandas, o mundo com certeza está mudando e talvez não nos suportando mais.
Mas falo da chuva de antigamente, aquela que talvez eu nem tenha vivido, que simplesmente congelava o instante, e de alguma forma tornava tudo mais aconchegante e terno
A chuva do livro, do vinho, do filme e da lareira.
A chuva do trovão, que desperta um medo bobo que serve de motivo pra um abraço apertado e longo.
As gotas de chuva que Claude Debussy ouviu caindo no teto e compôs Claire de Lune.
A chuva do sono bom, onde o lençol é mais gostoso, o travesseiro serve de colo, e o cobertor cumpri seu melhor papel.
O mato responde com um cheiro de vida.
Em tantos momentos a chuva é alimento que limpa e lava, até a alma.
Se for ver bem, são milhões e milhões de pequenos pingos que caem ao mesmo tempo sem parar, em vários lugares. Como nós. No mundo inteiro é igual, não muda.
Quanta coisa não queria ver mudar?
A primeira chuva na cara, no corpo, na roupa, correndo sem pressa, querendo arrastar todos os pingos de uma só vez.
É um momento mágico, grato, eterno.
Chuva que não para, nunca.
Ah se toda chuva fosse assim, um romance escrito pra mim.
(por Luiza Possi)

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